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Desodorante Vegano

Acho que quase todo mundo sabe que ser vegano vai muito além de não comer carne e outros produtos de origem animal, tais como leite e ovos. O estilo de vida vegan também recusa produtos feitos com couro, lã e também ossos, como é o caso de botões e até mesmo jóias.
Não é tarefa simples a transição para o veganismo. Em um primeiro momento parece até mesmo uma utopia já que o mercado parece dominado por produtos que demandam a exploração, o sofrimento e a morte de outras espécies animais. E é mais ou menos isso mesmo.
Quando optei por seguir a filosofia vegana em 2009 era ainda mais difícil. Precisei passar por um longo processo de adaptação e uma intensa pesquisa apoiada em dezenas de livros, além de infinitas horas nas redes sociais e na internet buscando a troca de experiências com outros vegans.
Mas longe de me ajudar, tantas informações só aumentaram meus problemas. Descobri que a filosofia vegana vai muito além das causas animais e é um posicionamento contrário ao sistema capitalista baseado na industrialização e no consumo desenfreado, disfarçados de progresso e modernidade por inescrupulosas estratégias de marketing e campanhas publicitárias.

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Não faz sentido não comer carne e continuar a usar shampoo testado em animais, bem como não faz sentido ser vegano e não se preocupar com o desmatamento, a poluição das águas, a contaminação do solo, as alterações genéticas em alimentos e o descarte irresponsável de lixo.
Meu processo de veganização, ainda em curso após 9 anos, me levou a cozinhar meus alimentos, sempre orgânicos e até a cultivar alguns deles em meu jardim., reciclo embalagens quando não posso evitá-las e troquei muitos produtos industrializados por alternativas caseiras.

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Contudo, a vida nos grandes centros urbanos cria uma demanda por produtos práticos. Hábitos simples, como o de usar desodorante por exemplo, podem colocar em cheque todo o seu ideal vegano. Não dá para ficar passando bicarbonato de sódio nas axilas quando você está atrasado para uma reunião. Tudo o que desejamos nessas horas é um roll-on salvador. E que não manche as roupas.
Embora existam algumas marcas no mercado que cumpram as exigências veganas, há sempre dois fatores impeditivos: A química inserida nesses produtos e as embalagens, quase sempre feitas de plástico e impossíveis de serem reaproveitadas.
Recentemente descobri um produto incrível, 100% natural e que atende todas as expectativas e exigências: o Osma Alum, um desodorante composto puramente de Alúmen de potássio, substância que possui uma poderosa ação adstringente e antisséptica sobre os poros da pele.

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Sem bloquear a transpiração, esse desodorante é um mineral de pedra de sal que permite que a pele respire e impede a formação das bactérias causadoras do mau odor. Sem perfume, mercúrio, álcool, parabenos, amônia ou cloreto de alumínio, substâncias essas que afetam o nosso organismo e o meio ambiente, ele se adequada a todos os tipos de pele, evita pelos encravados e melhora as axilas escurecidas.
O uso é extremamente simples, basta passar a pedra nas axilas ainda úmidas pós banho, deixando-a secar naturalmente. Pessoas com pele muito oleosa no rosto, como eu, podem usá-lo também nas áreas mais atingidas, como testa e nariz. Fiz o teste e super aprovei o produto.
Fabricado na França desde 1957, o Osma Alum ainda é uma novidade no mercado brasileiro e além de todas as vantagens já citadas, há a durabilidade. Cada pedra, se bem cuidada, pode durar de 1 a 5 anos, dependendo do tamanho.
Conheci o produto em um encontro vegano e venho testando todos os dias, inclusive para os meus treinos na academia. Super recomento.

Facebook: @LaboratoiresOsma

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Palm Oil e o Extermínio de Espécies

Um vídeo veiculado pela BBC vem chamando a atenção de todo mundo sobre o desastre ambiental causado pela indústria na produção do palm oil (óleo de palma), presente em quase tudo o que consumimos, dos alimentos aos produtos cosméticos.
O vídeo foca principalmente a situação na Indonésia e Malásia, onde milhares de hectares de florestas nativas são derrubadas, afetando todo o eco sistema e a existência de diversas espécies de aves e animais, principalmente o Orangotango, nosso ancestral mais próximo.
As imagens são chocantes e absolutamente tristes. E nos alertam sobre como nossos hábitos de consumo afetam diretamente outras espécies e levam à uma tamanha degradação do meio ambiente, cujos efeitos certamente em breve chegarão até nós também.

Clique aqui para ver o vídeo.

O óleo de palma é o óleo vegetal mais usado no planeta e está presente em pelo menos 50% dos produtos que consumimos normalmente: Óleo de cozinha, alimentos, tintas, lubrificantes, produtos de higiene pessoal, cosméticos, remédios, produtos de limpeza, bio combustível, bio energia, etc.

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Nas embalagens ele pode estar disfarçado com nomes como glicerina vegetal, óleo vegetal, gordura vegetal e muitos outros nomes. Mas é o mesmo produto, cultivado, extraído e manipulado da mesma forma, causando os mesmos problemas ao planeta e às espécies.

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Nos últimos 20 anos, a crescente demanda tem provocado o desmatamento criminoso de florestas tropicais, para dar lugar às plantações de palmeiras e outras plantas cujas as sementes são essenciais para a produção de óleos.

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Segundo o relatório de especialistas da organização IUCN – International Union for Conservation of Nature, o problema é muito complexo pois a demanda da indústria para o palm oil continuaria existindo mesmo que ele fosse proibido. Outras fontes de extração seriam colocadas em prática e com efeitos talvez muito mais devastadores.

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A Indonésia e a Malásia são líderes mundiais na produção do palm oil mas o crescimento desse segmento no Brasil deve ser observado com muito rigor. Em 2015 o mercado de palm oil faturou mais de 1,2 bilhão de reais, segundo informações da Abrapalma – Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma.

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Citando apenas o mercado de cosméticos, segmento onde o Brasil é líder mundial, apenas a Natura atesta ter um Sistema Agroflorestal totalmente sustentável para a produção do óleo de palma, componente presente em quase toda a sua linha de sabonetes, cremes e maquiagem.

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O Brasil produz grande parte do que consome mas ainda precisa importar de outros países, o que abre oportunidades para o crescimento do segmento. Vários projetos estão no aguardo de licenciamento ambiental e a sociedade deve ficar atenta às concessões que podem ser abertas sem levar em consideração as consequências.
O papel do consumidor nesse processo é fundamental. Rever nossos hábitos de consumo e buscar no mercado produtos que sejam livres de óleo de palma é a solução. Diminuindo a demanda, podemos diminuir os efeitos nocivos da indústria ao meio ambiente e salvar não só a vida de centenas de espécies animais e vegetais, mas também a nossa.

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O vídeo da BBC sem dúvidas abre uma discussão importante mas toda essa problemática em torno do óleo de palma já vem de vários anos. Há vídeos no Youtube desde 2014 denunciando a tragédia ecológica que vem acontecendo na Indonésia, Malásia e Tailândia, causada pela voracidade da indústria que almeja apenas lucro e a qualquer custo.

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A humanidade é uma experiência que não deu certo.

O genial escritor brasileiro Nelson Rodrigues (1912-1980) disse em uma de suas professias provocativas que “Os idiotas vão tomar conta do mundo. Não pela capacidade mas pela quantidade. Eles são muitos!”
Por sorte Nelson não viveu para ver a década que estamos vivendo e que confirma suas palavras.
Parece incrível mas às vésperas da terceira década dos anos 2.000, com todos os avanços científicos e a facilidade de acesso à educação e à cultura, temas como o nazismo, ditadura militar e o terraplanismo voltaram á pauta.
Eu não acredito que vivi 57 anos para ver negros defendendo ideias nazistas, pessoas clamando por viver sem liberdade e, mesmo depois do homem ter ido à Lua e de satélites registrarem milhões de imagens do planeta, ouvir pessoas dizendo que vivemos sobre um disco de pedra.
Sou o primeiro a defender a liberdade de pensamento, de expressão e de crença. Mas sou de uma época onde as pessoas só discutiam assuntos sobre os quais tinham algum conhecimento, algum embasamento.
Os idiotas sempre existiram mas a internet deu voz a eles. E como são muitos, eles se tornaram uma potência mundial. Ditam tendências de mercado, criaram sua própria cultura e elegeram líderes escolhidos entre os seus.
Em pleno século 21 retrocedemos mais de 500 anos e voltamos a discutir temas absolutamente absurdos como “meninos usam azul e meninas usam rosa”. Como bem disse Cazuza, estamos vivendo “a moda da nova Idade Média na mídia da novidade média”.
Em tempos de pandemia e confinamento, potencializados pela histeria coletiva e pela falta do que fazer, os idiotas nos bombardeiam de conteúdos toscos, ultrapassando todos os limites da razão e do bom senso.
Claro que a internet e os canais de comunicação independentes que nela existem, exerceram papel fundamental neste terrível capítulo da história da humanidade. Imagine como foi a Peste Negra (1346-1353), que devastou a Europa matando em torno de 100 milhões de pessoas (1/3 da população), em uma época em que não havia comunicação e grande parte das pessoas eram analfabetas.
Graças à Internet tomamos conhecimento da epidemia desde seu surgimento, do progresso dela atravessando fronteiras, dos meios de transmissão e prevenção, das medidas adotadas pelos governos, e até mesmo podemos nos solidarizar com povos de outros países. Ao mesmo tempo, a internet expõe o lado mais podre da humanidade, a ignorância, as piadas mórbidas, o preconceito, o racismo preconceito e principalmente o desrepeito à vida – a alheia e a própria – sobretudo a dos idosos e dos mais pobres.
E não falo apenas daqueles que se sentem protegidos do coronavirus porque compraram o álcool gel ungido do Edir Macedo a R$ 500,00 o frasco. Uma das coisas que mais me chocou nesse período foi ver um grande empresário brasileiro, dono da rede de restaurantes Madero, dizer que a vida de 5 ou 7 mil pessoas não vale o prejuízo que a quarentena poderia causar a economia. O que podemos esperar de uma civilização quando se chega a esse ponto?
Alguém postou na twitter outro dia que essa epidemia nada mais é do que a Mãe Natureza ativando sua imunidade para combater o mais cruel dos vírus, a raça humana. E deve ser isso mesmo.

Aproveitando este texto, quero dar uma dica de leitura, o clássico “Paraíso Perdido”, de John Milton publicado em 1.667 e que conta em forma de poema a rebelião dos anjos contra Deus, liderados por Lúcifer que, enciumado, se lançou no propósito de provar que o Homem era indigno do amor do Criador.
Muitas vezes nos últimos tempos tenho pensado que o Diabo tinha razão, a humanidade é uma experiência Divina que não deu certo.

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As consequências de uma simples postagem.

A publicidade é uma das grandes responsáveis pela destruição do nosso planeta, exercendo uma influência gigante sobre os seres humanos e levando-os a expor suas piores características.
Mas a publicidade também pode ser do bem e promover um importante trabalho de conscientização. É o que mostra este comercial de 100 segundos dirigido por Alex Feil, da dinamarquesa Tempomedia.
Os criadores Jung von Matt e Next Alster construíram uma história que traz uma importante reflexão sobre a nossa responsabilidade na produção de conteúdo para as redes sociais e também sobre o comportamento destrutivo dos seres humanos e da indústria.

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Este filme criado para promover o smartphone Huawei P Smart +, conta a história de um adolescente que descobre uma criatura fabulosa em uma floresta e ao publicar uma foto dela nas redes sociais, expõe o bichinho a um universo cruel.
A foto viraliza de forma incontrolável e todo mundo se apaixona pela pequena criatura da floresta que logo recebe o nome de “Gnu Gnu”. Mas, como dizia Oscar Wilde, o homem sempre mata aquilo que ama e logo o bichinho se transforma em vítima de pesquisadores inescrupulosos e de uma indústria criminosa que só visa lucro.

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O bichinho acaba preso em uma jaula no zoológico, banalizado e exposto a crueldade de pessoas ignorantes. Uma história que ao longo dos séculos vem sendo a de quase todas as espécies.

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Os smartphones são uma parte central do cotidiano dos jovens contemporâneos, assim como a comunicação via redes sociais. Cada vez mais usuários têm se tornado vítimas de seus próprios posts ou de filmes e fotos produzidos via celular.
Nem todos os momentos da vida devem ser compartilhados publicamente. Essa exposição sem critérios da vida privada e o desrespeito à privacidade das outras pessoas, tem levado um grande número de pessoas à depressão e até ao suicídio.

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Nesta nova campanha para o P Smart +, a chinesa Huawei chama a atenção para mais responsabilidade em lidar com conteúdo produzido pelo próprio usuário, o que se evidencia no final do filme quando a história sofre uma reviravolta e deixa uma mensagem super positiva.
Parabéns para a Huawei e para os criadores desta brilhante peça publicitária.

Veja o filme clicando aqui.

 

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Yutaka Toyota e O Ritmo do Espaço

 

O pintor e escultor Yutaka Toyota ganha mais uma grande retrospectiva, a maior de seus quase 60 anos de carreira, desta vez no Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo.

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Batizada Toyota – O Ritmo do Espaço, essa mostra reúne um impressionante conjunto de obras em aço e alumínio, que exploram as formas, a luz, as cores e os reflexos.
Toyota foi um dos primeiros artistas a trabalhar o aço e também um dos primeiros a trabalhar a arte cinética no Brasil. Com obras espalhadas por espaços públicos e coleções particulares no Brasil e no Japão, seu nome está em peças gigantescas como a famosa escultura no átrio do Hotel Maksoud Plaza, no Centro Brasileiro Britânico, na Praça da Sé e na própria FAAP.

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Nascido no Japão em 1931 e naturalizado brasileiro em 1968, Toyata começou sua carreira pintando telas. Quando chegou ao Brasil começou a explorar as possibilidades dos metais e em 1969 foi um dos grandes destaques da 10ª Bienal de São Paulo, com a obra Quarto Escuro, reproduzida nesta exposição.

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Mesmo com uma grande influência da arte braisleira e em especial da arquitetura moderna do Brasil, o trabalho de Toyota não perdeu as referências orientais e suas peças transmitem uma leveza e delicadeza opostas ao que sugere as dimenções e características da matéria prima.

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Toyota – O Ritmo do Espaço fica aberta ao público até 02 de setembro no Museu de Arte Brasileira da FAAP, de quarta a segunda-feira, com entrada gratuita, na Rua Alagoas, 903 – Higienópolis – São Paulo.

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O Uso De Protetor Solar Está Destruindo A Vida Marinha

 

Estudos mostram que duas substâncias químicas presentes na maioria das marcas de protetor solar estão matando os recifes de coral e outras formas de vida marinha em todo o mundo.
É isso mesmo: O filtro solar que você usa na praia para protegê-lo da exposição ao sol, está matando os recifes de corais e outras formas de vida marinha.

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Cerca de 14.000 toneladas de protetor solar acabam nos recifes de corais a cada ano, seja diretamente durante o banho de mar ou indiretamente quando você toma banho de chuveiro.

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O BuzzFeed, o HuffPost e o InSider divulgaram que o Havaí já é o primeiro estado dos EUA a proibir protetores solares contendo dois produtos químicos tóxicos, o oxibenzona e octinoxato, a partir dos estudos de 2015 publicados no Archives of Environmental Contamination and Toxicology, da Springer Science+Business Media, que descobriu que essas duas substâncias matam os recifes de coral liberando todos os nutrientes.
Esses produtos químicos não só matam os corais como também causam danos no DNA desses organismos tão delicados, tornando improvável que eles possam se desenvolver adequadamente.

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Os mesmos estudos mostram que a perda de nossos recifes de corais teria efeitos devastadores na vida marinha e na economia mundial e no suprimento de alimentos.

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Contemporary Ceramic Exhibition – Brazil and England

O arquiteto e designer americano Charles Jencks, que também é um importante teórico de arte, definiu a cerâmica como uma linguagem “ligada ao passado e movimentando-se para o futuro”.

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A história da cerâmica acompanha a história da própria humanidade, se sobrepondo a tendências e mantendo-se presente em todas as civilizações e culturas. Como arte aponta para o futuro, abraçando as novas tecnologias, sem contudo perder sua essência e natureza.

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Tudo isso pode ser confirmado na grandiosa exposição “Contemporary Ceramic Exhibition – Brazil and England”, que está no Centro Brasileiro Britânico em São Paulo até o dia 01 de abril.

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Obras de 78 artistas brasileiros e 12 ingleses traçam um panorama abrangente da arte cerâmica nos dois países, permitindo uma avaliação global de como a cerâmica contemporânea venceu a classificação de “arte menor” e assume um papel protagonista na arte pós-moderna.

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Organizada pela super atuante CCBRas essa exposição com curadoria do competente Fernando Zelman, reúne um surpreendente conjunto de obras mostrando uma grande diversidade de estilos e tecnicas, somadas à infinitas referências que ultrapassam fronteiras culturais e temporais, dando cor e principalmente forma ao imaginário de todos os artistas.

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Entre os 90 artistas que integram essa exposição estão nomes importantes e o de artistas em ascenção dos dois países: Douglas Fitch, Phil Rogers, Peter Willis, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Sara Carone, Anelise Bredow, Ruben Alekxander, Cecilia Menezes, Tácito Fernandes, Agueda Zabisky e Angelina Zambelli, entre muitos outros.


O Centro Brasileiro Britânico funciona de segunda à sexta-feira até às 18 hs. O endereço é Rua Ferreira de Araújo, 741 – Pinheiros, São Paulo.

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Moda para um mundo sem diferenças

Moda para um mundo sem diferenças mas onde as pessoas não são todas iguais.
Adoro moda mas fazia muito tempo que tudo parecia tão previsível e déjà vu, que deixei de acompanhar o que rolava nas semanas de moda. Na verdade, após a morte do genial Alexander McQueen, troquei a expectativa por grandes surpresas pela admiração a evolução contínua no trabalho de alguns estilistas como Thom Browne, Craig Green e Rick Owens (meus favoritos).

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Mas uma foto, que insistia em aparecer nas minhas redes sociais, chamou minha atenção para o desfile da Gucci, coleção Fall Winter 2018/2019. Nela, dois modelos desfilavam segurando embaixo do braço réplicas perfeitas de suas próprias cabeças. Não resisti e fui ver o vídeo completo do desfile apresentado na Semana de Moda de Milão

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Alessandro Michele, com uma carreira construída dentro da Gucci desde 2002 e respondendo pela direção criativa desde 2015, apresentou um desfile impecável e com uma coerência fascinante entre coleção e apresentação. As excêntricas (des)combinações prometem vestir um mundo sem fronteiras ideológicas, raciais, estéticas, culturais, sociais, políticas ou de gênero.

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Eliminar essas diferenças, no entanto, está muito longe de um mundo uniformizado. A Gucci de Michele valoriza a identidade, a originalidade e a personalidade.
É fato que não havia nenhuma grande novidade mas Michele fez evoluir muito a proposta que a marca vem trabalhando já há 4 anos, depois da fase Glam Sex de Tom Ford. E o momento também se mostra propício para esse estranho mundo novo da Gucci.

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Apresentado em um cenário que reproduz um grande centro cirúrgico – onde ocorre a transformação do mundo como conhecemos para esse outro, livre das diferenças e do preconceito, cirurgicamente extirpados – o desfile trouxe além das cabeças decaptadas, dragões e répteis como referências filosóficas do pós-humanismo e do transumanismo, que celebra a superação das limitações intelectuais e físicas através do controle tecnológico da própria evolução biológica.

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É mesmo tempo de derrubarmos barreiras inúteis criadas por ideologias que alimentam o confronto ao invés de promover a comunhão. E a própria moda, que durante décadas vinha servindo a essas ideologias, dá o grito libertador.
Palmas para a Gucci.

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O Nascimento da Magia

Hoje, quando gravamos um vídeo para postar no Instagram ou em alguma outra rede social, não nos damos conta do longo caminho, percorrido em grande velocidade, desde a primeira imagem reconhecida como fotografia (do francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1826) até a tecnologia ultra moderna que nos permite fotografar e produzir vídeos a qualquer instante com nossos smartphones.

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Paralelamente a Niépce, outro pesquisador francês, Louis Jacques Mandé Daguerre, registrou em 1835 o processo fotográfico, batizado de daguerreótipo. Mas muitos outros pesquisadores pelo mundo a fora se empenhavam em estudos para o registro da imagem. Entre eles o inglês William Fox Talbot e o francês radicado no Brasil Hércules Florence, que em 1834 desenvolveu o negativo. Em 1888 a Kodak abria suas portas falando já na popularização da fotografia.
A fotografia mudou definitivamente a nossa percepção de mundo, de espaço e de tempo. Influenciou sobretudo as artes, libertando a pintura da obrigação dos registros para a História e permitindo aos grandes mestres da época pintar suas impressões sobre a realidade. Assim como na fotografia, na pintura a luz passou a ser o objeto de registro.

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Mas a grande revolução viria em 1895 quando os franceses Auguste e Louis Lumière apresentaram em Paris o cinematógrafo, a fotografia em movimento. Nascia o cinema.
Os irmãos Lumière não foram apenas os inventores do cinematógrafo mas também os criadores do cinema em todos os seus aspectos. Foram os pioneiros na projeção em uma sala escura, cobrando ingresso de 1 franco. Foram também os primeiros diretores, roteiristas, diretores de arte e fotografia, produtores, etc.

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Eles produziram cera de 120 pequenos filmes e 108 deles foram primorosamente restaurados em 4 k e constituem o filme documentário “Lumière, A Aventura Começa”, um verdadeiro tributo dirigido por Thierry Frémaux, que é também diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cannes.

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Este é o filme de estreia do projeto Sala Cult, o mais novo espaço para o cinema independente em Jundiaí, recém inaugurado no Shopping Paineiras. Com curadoria de Fátima Augusto (responsável por outros projeto consagrados, o Moviecom Arte e o Temperos de Cinema), o Sala Cult é um espaço alternativo mas bem ao gosto dos cinéfilos modernos, com instalações super confortáveis, som e imagem de altíssima qualidade.

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Além de ser um importante registro dos primórdios do cinema, os pequenos filmes dos irmãos Lumière nos transportam para a França do século XIX e a um mundo que fazia sua entrada na Era Moderna.
Narrado pelo próprio Frémaux e com uma trilha musical refinada assianada por Camille Saint-Saëns, este filme documentário conta com a participação especial de Martin Scorsese.
“Lumière, A Aventura Começa” será exibido nos dias hoje e amanhã, às 19horas e 24 de fevereiro, às 16 e as 19horas.
A Sala Cult fica no Shopping Paineiras – Avenida Nove de Julho, 1155 – Chácara Urbana, Jundiaí.
Obs: Desligue seu smartphone e mergulhe neste filme.

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The Square: Somos Todos Trogloditas

O poeta russo Vladimir Maiakóvski disse que “A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo”, no entanto, muitas vezes o reflexo no espelho da arte é fundamental para perceber o que e o quanto é necessário mudar.
E é isso o que mostra e faz o filme “The Square”, do sueco Ruben Östlund, expondo de forma brilhante, cruel e realista a hipocrisia da sociedade contemporânea.

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O filme se passa na Suécia, país nórdico conhecido pela qualidade de vida, pelo alto nível cultural, pela educação de seu povo, pela ausência de preconceitos… sim, só que não. Para quem pensa que é só aqui no 3º mundo que as pessoas são capazes de apedrejar museus, “The Square” mostra que a hipocrisia e a ignorância é uma epidemia de proporções globais.
Destruindo aquela imagem vendida de país onde tudo é perfeito, “The Square” mostra também as diferenças sociais, a violência e o preconceito que também existem na Suécia. As cenas dos moradores de rua e as que se passam nos subúrbios de Estocolmo são reveladoras. Como disse o nosso poeta Arnaldo Antunes, “miséria é miséria em qualquer canto”.

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Mas o foco principal de Ruben Östlund é a burguesia. E ele não poupa ninguém. Mostra o papel da publicidade na propagação da violência, a imbecilidade dos novos profissionais de imprensa e a deturpação da informação, a mediocridade das classes sociais pretensamente culta e educadas….

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Há cenas hilárias, como uma que mostra os convidados de uma vernissage desesperados para atacar o buffet; cenas emblemáticas, como a da ativista no centro de Estocolmo perguntando aos pedestres se eles querem salvar uma vida, ao que eles respondem negativamente; e algumas cenas antológicas, como a cena do casal que briga pela posse do preservativo cheio de esperma após o sexo.

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O ponto alto do filme, no entanto é a performance de um artista durante um elegante jantar oferecido aos mantenedores de um importante museu de arte contemporânea. Ele representa uma mistura do Incrível Hulk (versão nórdica) com um troglodita e promove ataques cada vez mais violentos aos convidados. A tensão da cena vai crescendo vertiginosamente, deixando os presentes encurralados, com medo, de cabeça baixa e em silêncio tentando não chamar a atenção do selvagem. Quando a situação foge completamente ao controle dos organizadores e o artista parece ter sido dominado pelo personagem, a performance alcança seu objetivo: revelar os trogloditas disfarçados sob smokings e vestidos de seda.

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Essa cena (inspirada em uma performance do artista Oleg Kulik em 1990) é também uma profunda reflexão sobre os limites da arte. E depois de assisti-la confirmo minha convicção de que a arte não pode ter limites, principalmente porque a nossa hipocrisia não tem limites.
Qualquer pessoa com o mínimo de coerência e bom senso, sai do cinema com um reforçado sentimento de vergonha do alheio e de si próprio. Estamos todos nós ali representados em nossa mesquinhez, nossa pequenez e nossa hipocrisia. A proposta do diretor ao nos colocar de frente para esse espelho é nos obrigar a reconhecer isso, assim como faz o persoangem principal, o diretor do museu (brilhantemente interpretado pelo charmoso Claes Bang), que ao final da história assume e se desculpa por sua própria mediocridade.
Candidato ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, “The Square” é um filme obrigatório para os dias de hoje, sobretudo no Brasil onde a mediocridade e a hipocrisia nem mais se disfarçam.

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